As investigações começaram em outubro de 2020
Tuesday, 17 de June de 2025
A investigação começou em outubro de 2020, quando vigilantes da reserva da Vale (Linhares) detectaram a violação de ninhos de papagaio dentro da reserva biológica de Sooretama. No dia seguinte, um agricultor, principal articulador do esquema no Espírito Santo, foi preso em flagrante com oito filhotes e dois ovos de papagaio-chauá (uma espécie ameaçada de extinção), dois filhotes de sofrê e um jabuti em sua residência.
Segundo o MPF, o homem faz parte de uma associação criminosa que tem a caça de papagaios-chauá como principal alvo, mas também retira ilegalmente outros animais da natureza, como periquitos, corujas, coleirinhos, trinca-ferros, sofrês, filhotes de macaco-prego e jacarés.
A denúncia aponta que o grupo continuou em atividade mesmo após a primeira prisão do agricultor, que foi detido novamente em 2021 com mais vinte filhotes de papagaios-chauá, crime que deu origem a outra ação penal em tramitação na Justiça Federal.
Dentro da estrutura da associação, o agricultor atuava como elo central, coordenava a caça e a coleta de animais e intermediava a venda para sua rede de contatos. Ele contava com a ajuda de mais dois homens no Espírito Santo: um marceneiro, considerado seu "braço direito”, que atuava na caça e no aliciamento de caçadores, chegando a encomendar filhotes de macaco-prego; e outro agricultor mais jovem, sobrinho do articulador, que operava como seu "substituto" ou "assessor", realizava entregas e mantinha contato direto com os compradores.
No Rio de Janeiro, um servidor público e sua esposa atuavam como os principais compradores e distribuidores. O transporte dos animais ficava a cargo de outros dois homens, sendo um deles um motorista profissional. Um desses transportadores já havia sido preso anteriormente com quase 250 papagaios.
A caça ilegal e sistemática causou dano direto à reserva biológica de Sooretama, resultando na diminuição da população de espécies ameaçadas, como o papagaio-chauá. As comunicações entre os criminosos demonstram, inclusive, a preocupação deles com a crescente dificuldade em encontrar ovos e filhotes, um reflexo do declínio populacional das aves. O procurador da República André Pimentel Filho pede que a denúncia seja acolhida pela Justiça Federal e que os acusados sejam condenados pelos crimes.
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