Do Luto à Superação: Linharense Deixa o Brasil Após Morte Violenta do Irmão

Cinco anos após o assassinato do irmão ativista político, linharense relata como o luto e o medo da violência motivaram sua mudança definitiva para Portugal

Do Luto à Superação: Linharense Deixa o Brasil Após Morte Violenta do Irmão

A dor de uma perda irreparável levou a linharense Fátima Soprani, capixaba nascida e criada no interior do Espírito Santo, a tomar uma das decisões mais difíceis de sua vida: deixar o Brasil. Morando há cinco anos em Portugal, ela relata que a mudança foi motivada pelo medo e pela insegurança após o assassinato do irmão, o ativista político Jonas Soprani, ocorrido em junho de 2021.

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"Linhares é uma das cidades mais bonitas do Brasil, mas infelizmente foi onde perdi meu irmão. Isso mudou tudo”, diz Fátima. O crime aconteceu na noite do dia 23 de junho, quando Jonas, de 48 anos, foi assassinado a tiros em um bar do bairro Novo Horizonte. Candidato a vereador nas eleições de 2020, ele era conhecido por seu ativismo político e pelas denúncias que fazia contra o poder público local.

As investigações da Polícia Civil apontaram indícios de que o crime teria sido premeditado. Segundo o delegado Tiago Cavalcante, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a execução teria características de pistolagem. Em julho de 2021, os irmãos gêmeos Cosme e Damião Damasceno foram presos suspeitos de envolvimento no assassinato.

A violência que atingiu sua família de forma direta foi determinante para que Fátima buscasse um novo começo. "Escolhi Portugal para recomeçar do zero, sem medo de viver, de ser assaltada, com mais segurança. Aqui, eu vivo sem medo”, afirma.

Antes da mudança, Fátima atuava como instrutora de autoescola e professora. Em Portugal, ela precisou recomeçar completamente: "Larguei família, amigos, trabalho... Foi uma escolha difícil, mas necessária para minha saúde emocional e minha paz.”

Mesmo com tentativas de retorno ao Brasil, Fátima afirma que não conseguiu mais se adaptar. A saudade da terra natal permanece, mas ela ressalta que o sentimento de segurança em Portugal foi fundamental para sua decisão de permanecer. "Portugal me recebeu de braços abertos. Aqui consegui me legalizar e construir uma nova vida”, conta.

Para Fátima, a fase atual é de reconstrução e superação: "Estar longe da violência já é um recomeço. A dor da perda nunca passa, mas aqui tenho conseguido respirar e viver com mais leveza. Isso é o que eu chamo de superar.”

Ela deixa uma mensagem clara para quem enfrenta luto e pensa em recomeçar: "Não é fácil deixar tudo para trás, mas, às vezes, é preciso mudar de lugar para encontrar novamente a paz.”

Fonte: Fátima Soprani





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